Bomba genética e Eugenia Cibernética: Transumano
A biocultura aplica-se ao
organismo humano através da substituição standard
das peças de reposição e ao intercambiamento de novos seres transumanos e,
enfim, por um “possível caráter substituível dos corpos clonados, os homens
poderiam ainda alimentar a esperança de viver a si mesmos ao mesmo tempo em que
deixam de existir...” (Virilio, 1999). Em vez de substituir órgãos por meio de
transplantes, as novas pesquisas biológicas, com potentes aplicações médicas e
comerciais, visam induzir capacidades auto-regeneradores. Em meio ao debate
sobre ética, alguns pesquisadores estabelecem mecanismos para controle legal e
financeiro do genoma humano. Sobre o transumano, o extra-humano e o Projeto
Genoma Humano (Virilio, 1999:132):
[...]
declaração do professor Richard Seed sobre a tentativa de realização da
clonagem humana, ou ainda daqueles que defendem abertamente a produção de quimeras
vivas, capazes de apressar a vinda [...] do extra-humano, que é outro nome de
uma raça sobre-humana de sinistra memória... Aliás, o que é o ‘projeto genoma
humano’ [...] com o objetivo de decifrar o DNA – senão uma corrida para
alcançar finalmente a informação da vida [...].
Depois da exploração da Terra
viva e de sua geografia, a da cartografia do genoma humano está bem adiantada:
a clonagem humana não está nos planos de ninguém e é, de fato, impossível, pois
os seres vivos formam sua personalidade e seu organismo em interação com o meio
ambiente (Castells, 2006). A invasão da microfísica, contudo está concluindo o
da geofísica, da colonização territorial à progressiva colonização dos órgãos e
vísceras do corpo animal do homem. Política da domesticação das espécies
animais geneticamente modificados e das populações submetidas em seus
comportamentos sociais.
O Terminal Act descrito por Paul
Virilio (1999), uma espécie de niilismo da era cibernética, ‘óbito voluntário’
em que a participação do médico se limita à precipitação de uma
máquina-transferência de sua própria responsabilidade, com a eutanásia ativa
avançando dissimulada por trás de um procedimento cibernético de morte
súbita...
O óbito voluntário ou a eutanásia
(matança de loucos) nos faz rememorar os programas nazistas que envolviam os
mortos-vivos, o Muselmann (Agamben) ou a fabricação de cadáveres (Arendt), os ‘suicidados’
– suicídios assistidos por computador – e os Zombifieds: a teleação eletrônica
apaga a culpabilidade do paciente. Inocente do crime de eutanásia ativa e não
mais responsável que um vendedor de armas brancas ou de pequenas armas.
Bomba genética (possibilidade da
clonagem do homem a partir do controle informático do mapa do genoma humano) e
Eugenia Cibernética (combinação das ciências da vida e das ciências da
informação, que nada deve à política das nações – como nos campos de
extermínio), que, segundo Virilio (1999) podem ameaçar a espécie, não mais como
antes, pela destruição radioativa do meio ambiente, mas pelo controle das fontes
de origem da vida, da origem do indivíduo.
Referências Bibliográficas
CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e
Terra, 2006.
VIRILIO, Paul. A Bomba Informática. Estação Liberdade:
São Paulo, 1999.
_____ A Arte do Motor. Estação Liberdade: São Paulo, 1996.
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