domingo, 10 de fevereiro de 2013


Bomba genética e Eugenia Cibernética: Transumano

A biocultura aplica-se ao organismo humano através da substituição standard das peças de reposição e ao intercambiamento de novos seres transumanos e, enfim, por um “possível caráter substituível dos corpos clonados, os homens poderiam ainda alimentar a esperança de viver a si mesmos ao mesmo tempo em que deixam de existir...” (Virilio, 1999). Em vez de substituir órgãos por meio de transplantes, as novas pesquisas biológicas, com potentes aplicações médicas e comerciais, visam induzir capacidades auto-regeneradores. Em meio ao debate sobre ética, alguns pesquisadores estabelecem mecanismos para controle legal e financeiro do genoma humano. Sobre o transumano, o extra-humano e o Projeto Genoma Humano (Virilio, 1999:132):

[...] declaração do professor Richard Seed sobre a tentativa de realização da clonagem humana, ou ainda daqueles que defendem abertamente a produção de quimeras vivas, capazes de apressar a vinda [...] do extra-humano, que é outro nome de uma raça sobre-humana de sinistra memória... Aliás, o que é o ‘projeto genoma humano’ [...] com o objetivo de decifrar o DNA – senão uma corrida para alcançar finalmente a informação da vida [...].

Depois da exploração da Terra viva e de sua geografia, a da cartografia do genoma humano está bem adiantada: a clonagem humana não está nos planos de ninguém e é, de fato, impossível, pois os seres vivos formam sua personalidade e seu organismo em interação com o meio ambiente (Castells, 2006). A invasão da microfísica, contudo está concluindo o da geofísica, da colonização territorial à progressiva colonização dos órgãos e vísceras do corpo animal do homem. Política da domesticação das espécies animais geneticamente modificados e das populações submetidas em seus comportamentos sociais.

O Terminal Act descrito por Paul Virilio (1999), uma espécie de niilismo da era cibernética, ‘óbito voluntário’ em que a participação do médico se limita à precipitação de uma máquina-transferência de sua própria responsabilidade, com a eutanásia ativa avançando dissimulada por trás de um procedimento cibernético de morte súbita...

O óbito voluntário ou a eutanásia (matança de loucos) nos faz rememorar os programas nazistas que envolviam os mortos-vivos, o Muselmann (Agamben) ou a fabricação de cadáveres (Arendt), os ‘suicidados’ – suicídios assistidos por computador – e os Zombifieds: a teleação eletrônica apaga a culpabilidade do paciente. Inocente do crime de eutanásia ativa e não mais responsável que um vendedor de armas brancas ou de pequenas armas.

Bomba genética (possibilidade da clonagem do homem a partir do controle informático do mapa do genoma humano) e Eugenia Cibernética (combinação das ciências da vida e das ciências da informação, que nada deve à política das nações – como nos campos de extermínio), que, segundo Virilio (1999) podem ameaçar a espécie, não mais como antes, pela destruição radioativa do meio ambiente, mas pelo controle das fontes de origem da vida, da origem do indivíduo.

 

Referências Bibliográficas

CASTELLS, Manuel. A Sociedade em Rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

VIRILIO, Paul. A Bomba Informática. Estação Liberdade: São Paulo, 1999.

_____ A Arte do Motor. Estação Liberdade: São Paulo, 1996.

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