Questiona-se por que podemos, com
o uso de alta tecnologia, perceber e impor falas ao nosso pensamento? Imagens e
vozes, alucinações artificiais podem ser produzidas e
impostas aos nossos cérebros de tal sorte que não podemos controlar? Haveria
uma forma de controle de nossas mentes pelas máquinas e das máquinas por nossos
cérebros? Como a partir da física as palavras e a informação são percebidas e contribuem
para a guerra bioelétrica?
Como se não bastasse o significante
ser uma ‘imagem-acústica’, porque ao lado da palavra há o som e a imagem
correspondente (Saussure, 2006), o próprio pensamento é percebido como um ‘pensamento-som’
(Derrida, 2004): a língua tem uma tradição oral independente da escritura,
representação da voz, mas há as relações entre escritura e fala, de um lado,
‘imagem’ exterior e figurações, de outro, o sentido do som, o único verdadeiro,
o do som – “a escritura será fonética [...] representação exterior da linguagem
e deste ‘pensamento-som’” (Derrida, 2004:38). Se o significante é a palavra e o
pensamento um som, seria um esforço pensa-los como uma imagem-acústica, em
termos de luz (imagem) e som (acústica)?
O significante é uma frequência e
a ressonância é subjetiva, segundo Deleuze e Guattari (1995). A ressonância e o
acoplamento entre eventos, duas frequências em que ouvimos harmônicos; a
frequência da mola, por exemplo, e a da força exterior, no caso, do oscilador
harmônico, a mola: a ressonância acopla sons (Prigogine, 1996). Descreve-se a
luz em termos de campos elétricos e magnéticos ondulando através do espaço: os
elétrons são ondas, assim como a onda é uma luz – uma onda eletromagnética:
“velocidade de uma onda é dada pelo produto de dois números seu comprimento de
onda – a distância entre duas cristas sucessivas – e sua frequência – o número
de cristas passando a cada segundo por um ponto fixo” (Gleiser, 2006:234).
Os neurônios possuem três
componentes importantes, segundo Damásio (1996:51): um corpo celular; uma fibra
principal de saída, o axônio; e fibras de entrada, ou dendritos. Os neurônios
estão interligados em circuitos formados pelo equivalente aos fios elétricos
condutores (fibras axônicas dos neurônios) e aos conectores (sinapses, os
pontos onde os axônios mantêm contatos com dendritos de outros neurônios).
Quando os neurônios se tornam ativos (um estado conhecido como ‘disparo’) é
propagada uma corrente elétrica a partir do corpo celular e ao longo do axônio
– corrente que é o potencial da ação e quando atinge a sinapse desencadeia a
liberação de substâncias químicas conhecidas por neutransmisores. Destaca-se a
atividade elétrica do cérebro, que produz ondas cerebrais entre 4 Hz (delta) a
100 Hz (gama):
a) Gama
– 28 a 100 ciclos por segundos ou Hz: alta atividade mental, assimilando alguma
informação complexa, estudando, medo, existência de grandes problemas para
resolver, etc.
b) Beta
– 14 a 28 ciclos de ondas por segundo ou Hz: atividades habituais, vigília
ativa, escovar dentes, comer, conversar, etc.
c) Alfa – 7 a 14 ciclos de ondas por segundo ou
Hz: vigília difusa, relaxamento ou meditando.
d) Theta
– 4 a 7 ciclos de ondas por segundo ou Hz: acordando ou na hora em que podemos nos
lembrar dos nossos sonhos, estado usado na hipnose.
e) Delta
– de 0 a 4 ciclos de ondas por segundo ou Hz: coma ou estado profundo.
EMF (campo eletromagnéticos, em inglês) Brains Stimulation 10 Hz a 20Hz, ou seja, a estimulação cerebral
no campo eletromagnético, portanto atinge a faixa entre as ondas alfa, beta
e gama.
Área do cérebro
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Bioelétrica
de frequência de ressonância
|
Informação induzida através da
modulação
|
Controle Motor Córtex
|
10 Hz
|
Impulso Motor Coordenação.
|
Córtex auditivo
|
15 Hz
|
O som que ultrapassa os ouvidos.
|
Córtex Visual
|
25 Hz
|
Imagens do cérebro sem passar os olhos.
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Somatossensoriais
|
9 Hz
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Phantom, sentido de toque.
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Centro do Pensamento
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20 Hz
|
Pensamentos impostos ao subconsciente.
|
Essas frequências de EMF podem
ser amplificadas por sistemas de computadores, afinal a radiação de ondas
longas passa pelas micro-ondas (radiações eletromagnéticas produzidas por
sistemas eletrônicos que se estendem pelo espectro, feixes que são emitidos e
detectados pelos sistemas de radar) e as de radio (ondas utilizadas
principalmente em telecomunicações e radiofusões) frequência entre 300MHz a
300GHz. Usando um Sistema de Monitoramento Remoto (RMS) um operador de
computador em terra que pode enviar mensagens eletromagnéticas (codificados
como sinais) para o sistema nervoso, afetando o desempenho do alvo. Com o RMS,
pessoas sadias podem ser induzidas a ver alucinações e ouvir vozes em sua cabeça:
“As novas possibilidades incluem
não só tarefas mais complexas (por exemplo, implantando eletrodos nos centros
de linguagem do cérebro e transmitindo a voz interior de alguém para uma
máquina sem fio, pode-se falar ‘diretamente’, dispensando a voz e a escrita),
como também enviar sinais cerebrais a uma máquina a milhares de quilômetros de
distância e comandá-las de longe. E que tal enviar sinais a alguém próximo
através de eletrodos implantados em seu centro auditivo, de modo que ele possa
ouvir ‘telepaticamente’ minha voz interior?” (Zizek, 2008:260).
A estimulação cerebral para
Monitoramento Remoto Neural (RNM) e Cérebro Eletrônico Link (EBL) são
tecnologias de uma rede fixa de equipamentos EMF (Eletromagnetic Fields, campo eletromagnético) especial em cérebros
humanos e identifica/localiza pessoas usando computadores. A estimulação
elétrica para o cérebro (ESB) através de sinais do EMF é usado pelos Estados
Unidos (NSA) para controlar indivíduos, além de simular alucinações auditivas,
através de emissões remotas de radiofrequência (RF) pela adulteração da placa
lógica do computador. Trata-se da detecção de campos eletromagnéticas em seres
humanos para sua vigilância: as emissões de campos eletromagnéticos do cérebro
do sujeito podem ser codificadas pelo pensamento, imagens e sons. Além disso, a
maioria das tecnologias de rádio é analógica, mas a das telecomunicações sem
fio modernas usam transmissões digitais.
A OMS (Organização Mundial da
Saúde), desde o final da década de 1990, elaborou um Projeto EMF Internacional
para avaliar os efeitos biológicos e analisar os possíveis riscos para a
saúde decorrente da exposição a fontes de EMF, como linhas de alta tensão,
radares, telefones móveis e suas estações de base podem causar consequências
adversas a saúde1. A telefonia móvel, tecnologia sem fio utiliza uma
extensa rede antenas fixas – estações rádio-base (ERBs), que recebem e
transmitem informações através de sinais de radiofrequência (RF). As redes sem
fio possibilitam serviços e acessos de alta velocidade à internet, como redes
sem fio em áreas locais (WLANs) – crescem as estações rádio-base e as redes
locais sem fio. As exposições à RF a partir das ERBs são variáveis a níveis
mais baixos ou comparáveis aos transmissores de rádio e televisão. Por serem
mais baixas, as radiofrequências se expõem de modo tal que o corpo absorve até
cinco vezes mais os sinais de rádio FM e de televisão do que aqueles
provenientes das ERBs: “as frequências utilizadas pelas transmissões de rádio
FM (cerca de 100 MHz) e de TV (de 300 a 400 MHz) são inferiores àquelas
utilizadas pela telefonia móvel (900 MHz e 1800 MHz) e porque a altura de uma
pessoa faz do corpo humano uma antena receptora eficiente para essas
frequências”2.
Reconhece-se tanto controle
mental de máquinas quanto controle das máquinas sobre as mentes. De um lado, há
exemplos de seres humanos que comandam um smartphone com pensamento –
aplicativo de iPhone em que usa sinais de eletroencefalograma para controlar os
ícones dos telefones: a força do pensamento, no futuro, controlaremos, máquinas
e resolveremos problemas de saúde pelo comando da mente. É o que diz o neurocientista
Miguel Nicoleli (Pavarini, 2011:11-2). De outro, cada um de nós tem uma
frequência de ressonância única bioelétrica do cérebro, assim como temos
impressões digitais únicas (Luukanen, 1999). Com a eletromagnética da
estimulação cerebral EMF (frequência totalmente codificada, pulsando sinais
eletromagnéticos que podem ser enviadas para o cérebro, fazendo com a voz
desejada e os efeitos visuais de ser experimentado pelo destino): sistema
invasivo de controle mental – os indivíduos zombified.
Referências Bibliográficas:
DAMÁSIO,
António R. O Erro de Descartes: Emoção,
Razão e o Cérebro Humano. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
DELEUZE,
Gilles e GUATTARI, Félix. Mil Platôs:
Capitalismo e Esquizofrenia. Vol.2. São Paulo: 34, 1995.
DERRIDA, Jacques.
Gramatologia. São Paulo: Perspectiva,
2004.
GLEISER,
Elias. A Dança do Universo. São
Paulo: Companhia das Letras, 2006.
LUKANEN,
Leena-Rauni Kilde. Implantes de
Microchips, Controle da Mente e Cibernética. Spekula. Finlândia, 6.
dezembro. 1999.
PAVARIN.
Guilherme. A Força do Pensamento. In:
Galileu. Março, n° 236, editora Globo, 2011.
PRIGOGINE,
Ilya. O Fim das Certezas: Tempo, Caos e
as Leis da Natureza. São Paulo: Unesp, 1996.
SAUSSURE,
Ferdinand. Curso de Linguística Geral.
São Paulo: Cultrix, 2006.
ZIZEK, Slavoj.
A Visão em Paralaxe. São Paulo:
Boitempo, 2008.
1 Campos
eletromagnéticos e saúde pública: Percepção Pública o risco de campos
eletromagnéticos. World Health
Organization. Fact Sheet. n° 184, maio de 1998.
2 Campos
eletromagnéticos e saúde pública: Estações rádio-base e tecnologias sem fio. World Health Organization. Fact Sheet.
n° 304, maio de 2006.
Excelente post.
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